Polícia

58% dos cigarros consumidos em MT são contrabandeados

58 de cada 100 cigarros fumados em Mato Grosso em 2019 foram frutos do contrabando, que movimentou uma quantia de R$ 201 milhões no estado, apontou o Fórum Nacional Contra a Pirataria e Ilegalidade (FNCP), com dados levantados pelo Ibope.

Antes de chegar às prateleiras das mercearias, bares e estabelecimentos comerciais, os maços de cigarros percorrem uma rota extensa e perigosa, envolvendo o crime organizado de diferentes países, crimes de fronteiras, corrupção ativa e passiva e outros. Só em MT, 58% dos cigarros consumidos são frutos dessa modalidade de crime.

Antes de chegar ao território brasileiro, na maioria dos casos, a rota começa no Paraguai ou na Bolívia, dois dos países que fazem fronteira com o Brasil e que já possuem histórico de produção ilegal e contrabando de cigarros. Conforme a FNCP, a negociação de compra e venda ‘está o envolvimento de milícias e de facções do crime organizado alimentando a violência nas cidades’.

Segundo o Ibope, 93% dos cigarros ilegais vendidos estão no varejo formal, ou seja, nos bares, padarias, mercearias. Ou seja, o comércio formal está financiando o mercado do contrabando e tudo que está por trás dele.

O dado mais surpreendente é que, das 10 marcas mais vendidas em Mato Grosso, 4 são ilegais e correspondem por 53% do mercado. Uma delas é a Fox, que aparece liderando a participação no mercado estadual com 44% da participação em 2019. No ano anterior, 2018, ela tinha 45% de participação.

“Para se ter uma ideia, se todos os pontos de participação de mercado ilegal fossem convertidos em produto legal, seriam gerados, apenas em ICMS, a arrecadação total de R$ 118 milhões para os cofres estaduais”, afirmou a FNCP. As cidades mais afetadas pelo contrabando em Mato Grosso são: Cuiabá, Água Boa, Alta Floresta, Barra dos Bugres, Barra do Garças, Campo Verde, Canarana e Colíder.

Últimas apreensões

Em agosto, Polícia Militar prendeu um homem na comunidade Olho D’Água, em Cuiabá, com 286 mil maços de cigarros, avaliados em R$ 1,4 milhões, carregados em um veículo Fiat Doblo. Os cigarros estavam escondidos em meio ao carregamento de cloreto de potássio granulado, que estava com nota fiscal, diferente dos maços.

Ainda em agosto, PM flagrou dois homens conversando na porta de um bar e quando um deles foi até o carro, encontrou 25 caixas de cigarros de diversas marcas. Ele contou que comprou os maços para revender o produto e afirmou que sabia que os cigarros eram contrabandeados do Paraguai.

Em julho, 608 caixas de cigarros, 5 marcas no total, foram apreendidas em Nova Olímpia. Ao todo, 3 homens foram presos pelo crime de contrabando. Eles estavam na MT-358 e apesar de constar nota fiscal, o conteúdo não batia com os produtos. Em maio, em Cuiabá, 500 maços de cigarros foram apreendidos no Boa Esperança.

Motorista de um Celta foi preso em flagrante pelo crime de contrabando, após confessar que a carga vinha do Paraguai e não tinha documentação. Mais de 120 mil maços de cigarros foi apreendido em maio pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), em trânsito pela BR-364, sentido Rondonópolis – Cuiabá.

A carga estava em um caminhão com placas do Rio Grande do Sul. Nessa apreensão, três homens foram presos e confessaram que pegaram a carga em Novo Mundo (MS).

Texto: Yuri Ramires/Gazeta Digital (GD)