Polícia

Chacina de Colniza completa cinco anos sem culpados

A chacina de Colniza, na qual 9 trabalhadores rurais foram mortos, completou 5 anos e até agora nenhum culpado foi condenado. O crime brutal ganhou repercussão nacional e lançou foco sobre os atritos por terra e a falta de regularização fundiária.

 

No dia 19 de abril, data exata dos 5 anos do massacre, a Comissão Pastoral da Terra (CPT), Regional Mato Grosso e o Fórum de Direitos Humanos e da Terra de Mato Grosso (FDHT/MT) publicou nota cobrando respostas sobre a morte dos agricultores residentes no Projeto de Assentamento Taquaruçú do Norte, Colniza.


Na data, em 2017, foram mortos a tiros os assentados Francisco Chaves da Silva, 56, Edson Alves Antunes, 32, Izaul Brito dos Santos, 50, Aldo Aparecido Carlini, 50, Sebastião Ferreira de Souza, 57, Fábio Rodrigues dos Santos, 37, Samuel Antonio da Cunha, 23, Ezequias Santos de Oliveira, 26, e Valmir Rangel do Nascimento, 55.

 

Reprodução

chacina colniza suspeitos

 Acusados de assassinarem vítimas foram absolvidos em uma ação

O pecuarista Valdelir João de Souza é investigado como mandante dos crimes. Ele responde a processo do Tribunal de Justiça e a ação havia sido arquivada em outubro de 2021, contudo houve nova movimentação em janeiro de 2022. São réus na ação, além de Valdelir, Pedro Ramos Nogueira, “o Doca”, Paulo Neves Nogueira, Ronaldo Dalmoneck, “Sula”, e o pistoleiro Moisés Ferreira de Souza, “sargento Moisés” .


O Ministério Público Estadual (MPE) havia denunciado e requerido que fossem julgados em júri popular. EM 2020, por força de recurso, o Tribunal de Justiça livrou Pedro Ramos Nogueira e Valdelir João de Souza, do júri e os absolveu por falta de provas.


No ano seguinte, Paulo Neves Nogueira e sargento Moisés também foram inocentados. Ronaldo Dalmoneck reponde ação pelos crimes e o último andamento foi este mês para manifestação da defesa.


Em 2021, o MPE fez nova denúncia contra nomes que não tinha aparecido até então. A denúncia é resultado de uma nova linha de investigação que apontou outros motivos para a execução do crime e a participação de mais pessoas, sendo dois mandantes e mais um executor.


Conforme o Ministério Público de Mato Grosso, o advogado e empresário Marco Túlio dos Santos Duarte, o agricultor Alcides Aberlardo Siebe e Cleisson Palharim agiram “cientes da ilicitude e reprovabilidade de suas condutas, por grupo de extermínio e sob pretexto de prestação de segurança privada”, matando 9 pessoas por motivo torpe, emprego de meio cruel e de recurso que dificultou a defesa das vítimas.


“A Vida de pessoas pobres, que lutam por seu direito de acesso à terra, são vilipendiadas pelos governos municipais, estaduais e federal”, diz trecho da a mensagem.


Ainda não houve julgamento dos acusados.


Na nota, as instituições criticam a morosidade do Judiciário e falta de ação dos governos para por fim às brigas por terra.

 

Confira nota na íntegra
Hoje, 19 de abril de 2022, completam-se cinco anos do Massacre de Taquaruçú do Norte, município de Colniza-MT, onde 9 trabalhadores rurais foram assassinados com requintes de crueldade, sem ter chance de fuga ou defesa, por um grupo de extermínio a mando de um madeireiro. Cinco anos em que as famílias buscam punição para os culpados, além da devida reparação pela perda de seus familiares e a dor sofrida.
Contudo, a impunidade segue imperando, a exemplo da condução dos julgamentos que envolvem violências desse tipo. No caso do Massacre de Colniza, os executores e mandantes seguem em liberdade.
A Vida de pessoas pobres, que lutam por seu direito de acesso à terra, são vilipendiadas pelos governos municipais, estaduais e federal! 
A morosidade do judiciário contribui para que a impunidade continue sendo regra nos crimes que ocorrem contra as pessoas pobres do campo, em Mato Grosso, onde 146 pessoas foram assassinadas de 1985 até hoje, sem qualquer punição aos mandantes. Segundo dados da Comissão Pastoral da Terra – CPT, o estado também registra 13 vítimas de massacres no campo. 
O assassinato dos 9 trabalhadores rurais em Colniza não foi suficiente para que o Estado acordasse e resolvesse o conflito agrário existente na área, e hoje, a maioria das 100 famílias que lá viviam na época do massacre foram obrigadas a abandonar suas terras, suas casas, uma vez que a situação de violência e abandono por parte do estado segue latente.
Na data de ontem (18), em Brasília, a Comissão Pastoral da Terra-CPT, lançou a 36ª edição do “Conflitos no Campo Brasil 2021”, onde denuncia o “aumento de 75% nos assassinatos, mais de 1.000% nas mortes em consequência de conflitos”, assassinatos estes provocados por grileiros, garimpeiros, alguns fazendeiros e, inclusive, conflitos provocados pelo próprio governo. Somente na Amazônia Legal, onde se situa o estado do Mato Grosso, em 2021, foram 28 vítimas fatais da violência no campo. Em 2020, quase 1 milhão de pessoas estiveram envolvidas em conflitos no campo, maior número desde o ano de 1985.
A Comissão Pastoral da Terra-CPT Regional Mato Grosso e o Fórum de Direitos Humanos e da Terra de Mato Grosso-FDHT/MT reafirmaram seu compromisso na luta por justiça, terra, trabalho e vida digna, denunciando a violência e impunidade existente no campo, em Mato Grosso. Cobram do Executivo e do Judiciário o cumprimento de sua responsabilidade de garantir acesso da população às oportunidades de trabalhar na terra com segurança e liberdade. Que os executores e mandantes sejam punidos imediatamente por este crime bárbaro.
Seguimos gritando:
Izaul Brito dos Santos, Presente!!
Ezequias Santos de Oliveira, Presente!!
Samuel Antônio da Cunha, Presente!!
Francisco Chaves da Silva, Presente!!
Aldo Aparecido Carlini, Presente!!
Edson Alves Antunes, Presente!!
Valmir Rangeu do Nascimento, Presente!!
Fábio Rodrigues dos Santos, Presente!!
Sebastião Ferreira de Souza, Presente!!

 

O caso
Segundo informações do Ministério Público Estadual (MPE), o pecuarista Valdelir João de Souza, conhecido como “Polaco Marceneiro” teria sido o mandante do crime. Ele estaria irritado com as vítimas que ocupavam terras na região de seu interesse.

 

No dia do crime, os acusados Pedro Ramos Nogueira, o “Doca”, Ronaldo Dalmoneck, o “Sula”, Paulo Neves Nogueira e Moisés Ferreira de Souza, o “Sargento Moisés” foram ao local, na GlebaTaquaruçu, e mataram as vítimas Francisco Chaves da Silva, Edson Alves Antunes, Izaul Brito dos Santos, Alto Aparecido Carlini, Sebastião Ferreira de Souza, Fábio Rodrigues dos Santos, Samuel Antônio da Cunha, Ezequias Satos de Oliveira e Valmir Rangel do Nascimento com vários tiros.

 

As vítimas estavam em suas casas e foram surpreendidas pelo grupo. Segundo a denúncia, os acusados atiraram em todos que encontraram nos 9 quilômetros percorridos. Todos fugiram em seguida, mas foram apontados por pessoas que moravam na região.


Assustados, muitos assentados deixaram a região que tem grande exploração de madeira e este pode ter sido o motivo do massacre. ( Com informações da assessoria)