Política

Defensor dos incentivos fiscais, deputado tem familiares enquadrados no Proder

Foto: Xuxu

O deputado estadual Xuxu Dal Molin (PSC), um dos principais defensores da convalidação dos incentivos fiscais do Estado e que, durante os debates na Assembleia, sempre bateu na tecla que haveria debandada de empresas de Mato Grosso, caso não fossem mantidos ou até mesmo ampliados, pode ter atuado em causa própria, para beneficiar familiares.

Ocorre que seus irmãos, Edson Dal Molin e Everton Dal Molin, na condição de pessoas físicas, constam como enquadrados no Programa de Desenvolvimento Rural de Mato Grosso (Proder), criado em 2003, durante o Governo Blairo Maggi.

O sigilo fiscal impede de revelar quanto os irmãos de Xuxu deixaram de pagar de ICMS desde que foram enquadrado no Proder. Entretanto, o benefício fiscal parece não ter alavancado os negócios da família.

É que desde fevereiro, o Grupo Dal Molin, que pertence a família de Xuxu, está em processo de recuperação judicial, por dívida de aproximadamente R$ 136 milhões. A decisão que deu início à recuperação é da juíza Paula Saide Biagi Messen Mussi Casagrande.

Conforme o processo, o grupo é constituído pelo pai de Xuxu, Angelo Virginio Dal Molin, seus irmãos Edson Dal Molin e  Everton Dal Molin e Ana Angélica Martinelli Muller Dal Molin, e pela empresa DARG Armazéns Gerais Ltda.

O Grupo Dal Molin foi fundado em 1976 e atualmente cultiva algodão. Para justificar a recuperação judicial,  alega adversidades climáticas e mudanças na política tributária como causadoras da crise. Além disso, cita um incêndio que destruiu parte das suas instalações em 2019.

A empresa AJ1 Administração Judicial foi escolhida para gerenciar o plano de recuperação judicial determinando ainda a suspensão de todas as ações ou execuções contra os devedores. Na decisão, a juíza esclareceu que o processo objetiva viabilizar a superação da situação de crise, permitindo a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo a atividade econômica.

Outro lado

O deputado Xuxu Dal Molin declarou, pela assessoria de imprensa, que votou contra a convalidação dos incentivos fiscais. Afirmou também que não faz parte do grupo empresarial Dal Molin.

Na primeira votação, Xuxu foi favorável à convalidação dos incentivos fiscais. Na segunda votação e redação final, se posicionou contrário, acompanhando os deputados da oposição, porque a maioria das emendas que atendiam os seus interesses não foram acatadas. A sessão durou mais de 12h e foi realizada a portas fechadas.