Polícia

Disparo ocorreu quando amigo tirava carregador de arma, diz polícia

A Polícia Civil elucidou o assassinato da empresária Janaina Barrozo, de 27 anos, graças ao depoimento do autor do disparo, que após ser intimado como testemunha se apresentou com um advogado na delegacia e confessou. Ele deu detalhes de como Janaina foi atingida pelo tiro. 

Janaina estava em uma festa em uma chácara no Distrito do Sucuri, em Cuiabá, na noite de sábado (2), acompanhada pelo marido, o empresário Júnior Aragão, e um casal de amigos. Na primeira versão apresentada por Aragão no Hospital Municipal de Cuiabá - para onde a vítima foi encaminhada -, a esposa teria sido atingida por uma bala perdida.

No entanto, essa versão levantou suspeitas desde o início, segundo o delegado Mário Santiago, por causa de contradições e omissões do empresário. “Na data de ontem (6) ele [autor do disparo] compareceu, conforme intimado, dizendo que ia apresentar a versão verdadeira dos fatos”, disse o delegado.

Com o depoimento do amigo do casal, os investigadores chegaram a outra versão, totalmente distinta da apresentada inicialmente - Janaina foi na verdade atingida por um disparo acidental. 

Dinâmica do crime

Conforme o autor do disparo, o grupo tinha acabado de sair da festa em um carro alugado por ele. Na direção do veículo estava a sua namorada, ao lado, no banco do passageiro, estava Janaina. Atrás da vítima estava o amigo do casal - e autor do disparo -, enquanto Aragão estava atrás da motorista. 

Segundo ele, a posição foi escolhida para que os casais tivessem visibilidade entre si durante o trajeto. Pouco tempo depois de terem saído da festa, o autor dos disparos teria pego a sua arma, tirado o braço para fora da janela do carro e dado um tiro para o alto.

Em seguida, ele teria colocado a mão para dentro do carro e ao tirar o carregador, a arma disparou, acertando Janaina pelas costas. “Vamos aguardar o laudo da necropsia para saber qual foi o trajeto que esse projétil transcorreu no corpo da vítima. Se foi realmente um disparo efetuado diretamente do banco de trás”, explicou o delegado.

A bala furou o banco em que Janaina estava sentada e a acertou pelas costas, permanecendo em seu corpo. Assim que viram o que tinha acontecido, a amiga do casal teria pulado para o banco do carona e tentado prestar os primeiros socorros à vítima. Aragão, nesse momento, teria assumido a direção do veículo. 

Durante o trajeto para o Hospital, o atirador se livrou da arma, jogando-a no mato. Na delegacia, ele apresentou o estojo da arma, uma pistola 3.65 milímetros, e indicou o local em que a arma foi jogada, além de onde estava o veículo usado no trajeto ao hospital. A arma foi localizada ainda na região do Sucuri e o veículo no Bairro CPA.

O autor não tinha porte de arma e nem registro dela. A pistola teria sido comprada há cerca de três meses, em decorrência de um desentendimento que ele havia tido com outra pessoa, motivo pelo qual se sentia inseguro. “A princípio um disparo acidental indica que seja um homicídio culposo - quando não há intenção de matar -, mas outros detalhes devem ser analisados”, explicou. 

Segundo o delegado, caso as investigações cheguem à conclusão de que algum elemento aponta e comprove o dolo - intenção -, isso será levado em consideração. Como por exemplo, assumir o risco de matar em função do manuseio da arma de fogo. 

A namorada do autor dos disparos será ouvida nos próximos dias.