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Dura realidade: Só 7 municípios do estado fazem hemodiálise pelo SUS

“Quando os rins falham e a máquina substitui as funções dele, tudo muda por completo, as dificuldades são inúmeras e a vida cheia de limitações”. É assim que Carlos Antônio Pereira, 58, que há 23 anos dependente da diálise para sobreviver, define a vida de uma pessoa com a Doença Renal Crônica (DRC). Em Mato Grosso essa é a realidade vivida por mais de 530 pessoas que realizam a hemodiálise duas, 3, 4 vezes por semana, em alguns casos esse tratamento pode chegar a ser diário.  

Das dificuldades financeiras para muitos, ao distanciamento da família para outros por causa do tratamento que é ofertado em menos de 5% dos municípios mato-grossenses, até o sonho da realização de um transplante, as limitações impostas pela doença são muitas e passam ainda pela difícil rotina física e mental impostas pelo tratamento. “Abala muito. Não é fácil essa realidade que vivemos. Muitos desafios e dificuldades que alguns levam anos para aceitar, outros nem conseguem”, afirma Pereira que é também presidente da Associação dos Pacientes Renais e Transplantados de Mato Grosso (Apret).  

Do abandono da sua profissão de mestre de obras há anos até outras inúmeras mudanças, a sua rotina diária foi a mais afetada, principalmente em dias de hemodiálise, cuja rotina começa às 4h30 da manhã. No caso de Pereira, isso ocorre 3 vezes na semana e às 6h ele já está na clínica para iniciar o tratamento. Ele permanece conectado à máquina, em média, de 4h a 4h30 e, nesse tempo, costuma dormir por causa da fraqueza. Também faz uma refeição, que é obrigatória, durante o processo que retira de uma vez todas as impurezas do organismo.  

Ele conta que a sessão começa com a introdução de uma agulha numa fístula que é a união entre uma veia e uma artéria. Um adulto tem cerca de 5 litros de sangue e durante a hemodiálise, todo esse volume é filtrado várias vezes. Um sistema de bombas é responsável por impulsionar o sangue por tubos até um filtro instalado do lado de fora da máquina. Nele há milhares de microtubinhos chamados capilares, por onde o sangue passa. Semipermeáveis, eles estão mergulhados numa solução à base de água e sais. Os elementos importantes do sangue que são grandes não atravessam as paredes, mas as substâncias tóxicas que são menores passam para a solução e são eliminadas. O sangue purificado que percorre os capilares e retorna ao paciente. A máquina apenas realiza o controle de tudo isso.


Autor: Jornal A Gazeta