Saúde

“Estamos no pior momento da pandemia; tendência é ter 3ª onda”, diz médica infectologista

Foto: Mídia News

Um ano após o primeiro caso de Covid-19 ser registrado em Mato Grosso, o Estado vive o pior momento da pandemia, segundo a médica infectologista e pesquisadora Márcia Hueb.

Em entrevista ao MidiaNews, Márcia afirmou que o primeiro pico da doença, entre julho e agosto do ano passado, se somou a uma segunda onda, que vivemos atualmente e, provavelmente, se estenderá a uma terceira.

Isso porque, segundo ela, as medidas de isolamento devem ser mais relaxadas ainda e, além disso, podem surgir novas variantes, de maior transmissibilidade. O processo de vacinação em massa, que contribuiria para que isso não acontecesse, ainda está à conta gotas.  

“Nós estamos no pior momento da pandemia. Mato Grosso, no primeiro ano da doença em 2020, que não foi o ano todo, foram 9 meses, registrou 180 mil casos confirmados. Neste ano, em apenas dois meses e meio já tivemos 90 mil casos confirmados. Os óbitos que eram cerca de 4,5 mil até o final ano, nesses dois meses e meio já subiram para 6,5 mil”, afirmou.

“Podemos ter uma terceira onda, porque existe uma tendência em relação a doenças infecciosas de alta transmissibilidade, principalmente das vias respiratórias, de um crescimento muito grande a depender das medidas que você toma ou não”, disse.

“O Brasil não vem apresentando uma queda total desde a primeira onda. Então, a primeira onda nem bem acabou e já entramos na segunda onda. Talvez, essa segunda onda também nem chegue a terminar e já podemos entrar na terceira”, acrescentou.

O primeiro caso em Mato Grosso foi registrado em 16 de março de 2020. Tratava-se de um homem de 48 anos que foi internado no Hospital Santa Rosa, em Cuiabá, após voltar de uma viagem a Itália.

De lá para cá, 286.065 casos de pessoas infectadas pelo vírus foram confirmados em Mato Grosso e outras 6.767 morreram em decorrência da doença, de acordo com dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES), divulgados neste sábado (20).

A médica afirmou que o início da pandemia, Mato Grosso teve um bom desempenho, principalmente por ser mais isolado do Sudeste do País, onde se concentra a maior parte dos voos internacionais. De acordo com ela, naquela época, as medidas de isolamento e distanciamento também eram mais respeitadas.

“Mas com o passar dos meses, as medidas de isolamento sofreram um relaxamento tanto por parte do Poder Público como pela população. E acabou que na metade do ano passado, tivemos uma situação crítica no sistema de saúde”, lembrou.

“Depois, ocorreram as eleições, festas de final do ano, as pessoas começaram a se encontrar mais e a tendência de subida voltou a se manifestar. Desde o início desse ano a gente vê os números aumentando numa curva mais acelerada tanto de casos, como de óbitos”, lamentou.

Novas variantes e segunda onda

De acordo com Márcia, não se pode atribuir o surgimento da segunda onda somente ao aparecimento das novas variantes.

Conforme ela, o desrespeito às medidas de isolamento e distanciamento também contribuíram para que essa segunda onda surgisse no Estado.

“As variantes contribuem com uma transmissibilidade maior. Aparentemente, as variantes inglesa e brasileira transmitem mais facilmente. Mas, seja elas ou o vírus inicial, temos que entender que se tomarmos as medidas adequadas de biossegurança, nenhuma será transmitida”, afirmou.

Texto: Thaiza Assunção/Mídia News