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Mais de 47% da população de Mato Grosso está endividada

Foto: Gazeta Digital

Aproximadamente 1,230 milhão de pessoas estão inadimplentes em Mato Grosso, quase metade (47,8%) da população adulta do estado. Conforme a Serasa Experian, o saldo cresceu, no último mês, com a entrada de 3,386 mil pessoas nos cadastros.

Para uma grande parte das famílias, as condições financeiras estão mais difíceis nesse segundo ano de pandemia. São casos como o da vendedora de bilhetes de sorteio, Maria de Siqueira, 45, que perdeu 90% da renda com a redução no volume de clientes. Decidiu investir na venda de máscaras, ao menos, para manter as despesas básicas, mas não consegue deixar em dia nem as contas de água e energia.

Inflação, desemprego e queda na renda explicam o aumento da inadimplência. Maria de Siqueira expõe que se vê sem alternativas para melhorar a sua situação, já que conseguir um emprego formal tem sido um verdadeiro desafio. “Coloquei as máscaras para vender, mas não vendo de jeito nenhum. Está feio, porque já estou com dois talões de luz vencidos. E eu fico na rua o dia inteirinho. Minha luz veio R$ 188 na última fatura. Não era para vir tudo isso. No mês anterior veio R$ 110”, lamenta.

Autônomo na área de construção civil, Izaías Martins, 54, informa que a demanda por trabalho e renda caiu 70% durante a pandemia. “Todas as contas estão em atraso. Para ter noção, tive que parcelar a minha fatura de energia. E acredito que vou o ano todo desse jeito. Creio que a partir de 2022, tenhamos melhora. Precisamos da vacina para liberar o direito de ir e vir, que está restrito”, comenta.

Andréa Cristina da Silva, 40, estava desempregada há 6 anos e conseguiu uma vaga de emprego há um mês numa pizzaria. Mesmo sendo informal, a trabalhadora conseguiu renegociar alguns débitos com a entrada da nova renda. Fez o reparcelamento das dívidas com as empresas de água, energia e cartão de crédito. “Já deu um alívio, porque eu estava sem dormir e com dor de cabeça, por tensão, pensando nisso”, desabafa.

Os setores que apresentaram maior crescimento no acumulado de dívidas são, justamente, os de Utilities (água, luz e gás) e financeiro, que une bancos, cartões e financeiras.

O economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, explica que a redução do auxílio dado pelo governo e o alto número de desempregados são alguns dos fatores que contribuem para essa tendência de alta, que deve continuar nos próximos meses. “Além desses pontos, os aumentos das taxas de juros e da inflação comprometeram a renda da população. As pessoas tiveram que priorizar os pagamentos, o que acabou deixando pendências pelo caminho”.