Política

Mauro faz elogio a Lula e adota discurso do 'terror' sobre Cuiabá

O governador, Mauro Mendes (UB), que era criticado por aliados de ter ‘abandonado’ a política durante principalmente seus três primeiros anos de governo do primeiro mandato na chefia do Palácio Paiaguás, parece que ouviu o recado e no segundo está focado em usar bem a influência do cargo.

Foi o que ele fez em conversa com jornalistas, nos últimos dias, onde praticamente fez um comparativo entre o atual presidente, Luis Inácio Lula da Silva (PT), e o ex-presidente, Jair Bolsonaro (PL), embora não tenha sido abertamente o nome do segundo, mas deixou subentendido.

No que tange ao relacionamento do Governo Federal com os chefes dos 26 estados e do Distrito Federal, diferentemente do que relatava com Bolsonaro, Mauro é só elogios ao petista.

“A verdade tem que ser dita também: recebe bem a todos (…) “Com os ministros (de Lula) também tenho uma facilidade, porque tem vários ministros que são amigos”, disse em conversa com jornalistas, nos últimos dias. 

O gestor mato-grossense já tinha acenado positivamente a Lula durante visita recente do petista a Rondonópolis, a primeira que fez desde voltou ao comando do país.

O petista atacava Bolsonaro, dizendo que não havia obras do último governo para serem citadas no país e o governador foi flagrado rindo e acenando positivamente com o que dizia Lula, o que reforçou a tese de aliança ‘fake’ com o ex-presidente, como foi, por exemplo, nas eleições 2022.

Com Emanuel a estratégia é outra

Já com o maior adversário político que possui no estado, o governador resolveu adotar a tese do caos para ganhar apoio da opinião pública e consecutivamente conseguir talvez influenciar o Judiciário Estadual a atacar pedido do Ministério Público Estadual – MPE e alongar a intervenção estadual na saúde da capital até 31 de dezembro de 2023.

Mauro disse a imprensa que sobre a possível volta do comando da gestão de Emanuel ao setor essencial “o cidadão (cuiabano) deve estar tremendo [de medo], porque para voltar o caos é daqui para ali”, disse. Todavia, a fala do governador, indicando o que seria uma melhora acentuada no setor, não vem acompanhada de fatos e tampouco de números, mas somente de retórica, patrocinada por veículos de comunicação próximos do Palácio Paiaguás.

Leia Também:  Gabinete de Intervenção revolta aprovados em concurso

O único número que vem sendo ressaltado pelos aliados de Mauro e pela interventora, Danielle Carmona, é o de que morreram “17 mil pessoas na fila de cirurgia”, discurso esse chamado de leviano pelo prefeito. Isto porque a morte destes pessoas, boa parte delas idosas, ocorreram por outros fatores que não ligados diretamente às demandas represadas em questão, já que a espera citada refere-se a cirurgias eletivas, aquelas consideradas não-emergenciais.

No mais, durante os mais de 70 dias já de atuação da intervenção, problemas crônicos como a falta de medicamentos e vácuos de médicos em plantões, inclusive de pediatrias, ainda são partes da triste realidade das unidades de saúde da capital. Para conter os ânimos da população, o Gabinete de Intervenção pediu apoio das forças de segurança do estado, o que gerou cenas de policiais imobilizando cidadãos revoltados.

Para o vereador de Cuiabá, Luis Cláudio (PP), em pronunciamento recente, não haveria motivo algum para chamar a polícia e muito menos a população estar revoltada se tudo estivesse pelo menos próximo da realidade que tenta ser criada pós-intervenção.