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Mulher transexual nascida na periferia de Cuiabá é a primeira inscrita na OAB de MT

Foto: Gazeta Digital (GD)

Em Cuiabá, Daniella Veyga, 26, abriu as portas para a comunidade LGBTQ+ em uma das instituições de maior respeito de Mato Grosso. A mais nova inscrita na OAB em Mato Grosso já foi Rainha da Parada da Diversidade, em 2019, e diretora LGBT da União Nacional dos Estudantes. A moça comparilhou um desabafo direcionado às companheiras de luta.

O anúncio feito pelas redes sociais da ativista, rendeu mais de 2 mil likes e foi compartilhado por veículos de alcance nacional. Embora seja a primeira inscrita no órgão, ela de fato não é advogada, exerce o cargo de estagiária em um escritório de advocacia na capital, já que ainda é graduanda de uma universidade particular de Cuiabá. Vale lembrar que não há advogadas transexuais em Mato Grosso.

Dani, como é conhecida pelos próximos, conta com alegria sua trajetória de luta. “Sou filha da escolha pública, e tive toda minha educação feita em escola pública, sempre estudei e morei nas proximidades do Coxipó, com muito estudo passei em uma universidade privada com bolsa de 100%, o que possibilitou o meu estudo”, recorda.

Além disso, a moça diz que é uma enorme responsabilidade mostrar o quanto a capacidade técnica não está ligada à identidade de gênero e que deseja a ocupação nos locais em que antes eram negados. “Hoje eu abri as portas, mas quero que outras meninas a escancarem, e a cada dia possa vir mais trans para mostrar que todos os espaços são nossos por direito”, finaliza.

Em conversa com o GD, Nelson Freitas Neto, presidente da Comissão da Diversidade Sexual da OAB-MT, diz que receberam a sua inscrição, não só com alegria, mas também como um combustível para continuar o trabalho que a Ordem deve desenvolver com a advocacia mato-grossense e com a sociedade.

Inclusive, o órgão vê o momento como um reflexo da sociedade, onde o índice de violência contra a comunidade LGBTQ+, principalmente com os trans, “é muito cruel e perversa”. Segundo eles, falamos de índices altíssimos de morte, violência, preconceito, suicídio, evasão escolar e dificuldade de se inserir no mercado de trabalho e na própria sociedade.

Por esse motivo, Nelson demonstra felicidade e entusiasmo, já que, segundo ele, embora seja de maneira lenta, o órgão busca avançar. “Recebemos a sua inscrição, não só com alegria, mas também como um combustível para continuar o trabalho que a Ordem deve desenvolver com a advocacia mato-grossense e com a sociedade”, encerra.

Texto: Izabelle Borges/Gazeta Digital (GD)