Política

PF pede mais prazo para investigar Taques por suposto caixa 2

A Polícia Federal pediu mais prazo para concluir o inquérito contra o ex-governador Pedro Taques (SD), pela suposta prática de caixa 2 durante a campanha de 2014.

O suposto esquema foi revelado pelo empresário Alan Malouf, sócio do Buffet Leila Malouf, em sua delação premiada. Doações não registradas oficialmente foram realizadas, conforme o delator, por parte da empresa Gráfica Print, no montante de R$ 2 milhões.

O pedido foi feito no dia 17 de dezembro pela delegada Karoline Araujo Diniz e ainda aguarda manifestação do Ministério Público Federal (MPF) para que seja analisado pela Justiça Eleitoral.

“Considerando que se avizinha o término do prazo de permanência do feito em sede policial e estando no aguardo de outras diligências, remetam-se os autos ao Ministério Público Federal a quem, nos termos do artigo 10, parágrafo 3.º , do Código de Processo Penal, solicito novo prazo para continuidade das investigações”, disse a PF em trecho do pedido.

Em junho do ano passado, o juiz Jorge Alexandre Martins Ferreira, da 51ª Zona Eleitoral de Cuiabá, determinou a remoção de sigilo do inquérito contra o ex-governador.

Ao decretar o sigilo, em setembro de 2020, o magistrado havia alegado que Taques era candidato ao Senado e o sigilo era necessário para garantir a isonomia entre todos os candidatos.

“Contudo, as razões pelo qual eu decretei não mais persistem, dessa forma, determino a retirada do sigilo, antes da remessa dos autos”, diz trecho da decisão. 

Depoimento à PF

Em depoimento à Polícia Federal, em fevereiro de 2020, Malouf afirmou que levou o proprietário da Gráfica Print, Dalmi Defanti, até o apartamento de Taques por volta de julho ou agosto de 2014. A reunião ocorreu na sacada do imóvel e, segundo o delator, ele esclareceu a Taques a intenção do dono da gráfica em ajudar na campanha eleitoral.

Conforme Malouf, Taques solicitou a quantia de R$ 2 milhões, proposta aceita por Defanti, sendo que a doação ocorreria com prestação de serviços gráficos e não em dinheiro em espécie.

Na sequência, o empresário teria dito a Taques que gostaria de participar de licitações no futuro Governo, o que teria sido aceito pelo ex-governador.

“Dias depois, Pedro Taques afirmou para o declarante que não seria interessante Dalmi Defanti constar como doador oficial de campanha, haja vista que a Gráfica Print estava envolvida em investigações criminais”, diz trecho do depoimento.

“Que assim resolveram desenvolver uma maneira para concretizar a referida doação sem que Dalmi Defanti aparecesse oficialmente como doador da campanha”.

Conforme Malouf, foi traçada uma estratégia para realização da operação e que parte da prestação dos serviços gráficos chegou a ser declarada oficialmente, mas que “apenas documentalmente essa teria sido uma despesa da campanha, na realidade seria uma doação não contabilizada”.

De acordo com o delator, após os serviços serem pagos à Gráfica Print, Defanti sacava os valores e devolvia para os responsáveis pelo caixa da campanha. Ao todo, segundo Malouf, R$ 900 mil teriam sido pagos à gráfica e posteriormente devolvidos em espécie para a própria campanha eleitoral, após descontar os impostos devidos

“Efetivamente foram prestados serviços gráficos equivalentes a aproximadamente R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais); parte desses serviços foram prestados sem a emissão de notas fiscais, representando parte das doações não declaradas oficialmente oriundas da Gráfica Print”, afirmou o delator.