Política

Saída da Ford é 'ducha de água fria' em retomada, dizem economistas

Foto: R7

O fim da produção de veículos pela montadora Ford no Brasil, anunciado ontem (11), é considerado por economistas ouvidos pelo R7 uma "ducha de água fria" na economia em um ano em que se espera uma retomada. A expectativa é que a vacinação e o avanço de pautas econômicas no Congresso podem ajudar o país a sair da recessão, mas a saída de uma empresa de peso em meio à pandemia de covid-19 aumenta a tensão sobre a capacidade de o país resolver seus problemas e voltar a ser atrativo para investimentos.

Para Juliana Inhasz, professora de economia do Insper, os impactos se dão de várias formas. Em primeiro lugar, trata-se de um indicativo de que um negócio não acredita que conseguirá tornar-se rentável no curto prazo. "Isso sinaliza como a economia está e pode ser um indicador antecedente de como estará. Sinaliza que a gente tem problemas em restabelecer a economia". afirma. 

Além de um impacto no otimismo, ela afirma haver outros reflexos. Um deles é a perda de arrecadação de cidades e estados onde a montadora atuava. Serão fechadas as unidades de Horizonte (CE), Camaçari (BA) e Taubaté (SP).

Além dos 5 mil empregos diretos que deverão ser fechados, há toda uma economia ligadas a esses serviços, especialmente nesses localidade, o que levará também a perda de postos indiretos. "No momento que a gente vive, com quase 15 milhões de desempregados, ter mais um contingente de desocupados é preocupante", afirma Juliana Inhasz.

Outro impacto é no mercado automobilístico, já que diminui a oferta de veículos e a concorrência no Brasil. Além disso, quem quiser um veículo Ford terá que importar e arcar com a alta taxa de câmbio.

Para a economista, trata-se de uma notícia ruim num ano cheio de desafios. "O ano começou com a expectativa da vacina e vem esse anúncio. É uma ducha de água fria quando se espera uma retomada. Se não de imediato, que pelo menos as esperanças continuem aquecidas de momento", avalia. 

Reflexo

Para Gustavo Bertotti, economista-chefe da Messem Investimentos, trata-se de uma decisão negativa para o governo, que perde com arrecadação, e para o trabalhador, que vê a saída de uma empresa grande e o fechamento de postos diretos e indiretos. Saiba mais aqui.

Texto: R7