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Secretário rebate AGU e diz que ação é para prejudicar vacina

O secretário de Estado de Saúde Gilberto Figueiredo afirmou que possivelmente o erro identificado pela Advocacia-Geral da União (AGU) de aplicação de vacina em menores de 18 tenha sido no preenchimento dos dados. 

Gilberto criticou a forma como foi divulgado o possível erro e disse ver o episódio como estratégia para atrapalhar a imunização de crianças e adolescentes.

"É mais uma das ações para dificultar a organização da campanha nacional contra a Covid-19 no País todo", disse.

Na terça (18), o advogado-Geral da União, Bruno Bianco, apresentou uma manifestação ao Supremo Tribunal Federal (STF), com informações da Rede Nacional de Dados da Saúde, de que 57.147 crianças e adolescentes foram vacinados de forma errada contra a Covid-19 no Brasil. Em Mato Grosso, o número foi de 615. 

O secretário apontou dificuldades no preenchimento dos dados, o que pode ter gerado erros na tabela apresentada pela AGU. Além disso, citou que o preenchimento das informações são feitas com uso de computador e planilhas de excel em algumas cidades, mas que em outros são feitas coletas manuais, o que gera a possibilidade de erro humano.

"Os lançamentos nos sistemas do Ministério da Saúde das informações de doses aplicadas são mais de 5 milhões [de dados]".

"Eu tenho certeza absoluta, que por mais que possa ter alguma exceção de casos raros de alguma manipulação equivocada da vacina, vamos esclarecer todos os fatos", enfatizou.

Gilberto também afirmou que confia no trabalho das pessoas que estão à frente da vacinação e que caso houvesse aplicação errada em crianças e fosse identificado, existe um protocolo de acompanhamento de efeitos adversos que seria acompanhado pela Pasta. 

O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) já se manifestaram em nota e vão em acordo com a fala do secretário. 

“Em mais de 300 milhões de doses de vacinas contra Covid-19 já aplicadas, é possível que tenham ocorrido erros como os listados na denúncia. Tanto podem ser erros de digitação, ou erros dos próprios sistemas de informação, o que impõe cautela e discernimento para a verificação de tais situações. Entretanto, vale ressaltar que no histórico do Programa Nacional de Imunizações (PNI) a regra tem sido a da eficiência e não o contrário”, diz a nota.

O Conass e o Conasems também alegam que as instabilidades que ficaram por 30 dias nos sistemas do Ministério da Saúde podem ter ocasionado o problema.

Acusação da AGU

Segundo os dados apresentados na manifestação ao STF, Mato Grosso tem 208 crianças de 0 a 11 anos que foram imunizadas, sem estar na idade adequada. A vacinação para a faixa etária dos 5 a 11 anos começou apenas nesta semana.

Crianças e adolescentes teriam recebido doses da AstraZeneca, Janssen e Coronavac, que não estão autorizadas nem mesmo para a faixa etária dos 12 aos 18 anos. 

Adolescentes que receberam as 2.918 doses da vacina da Pfizer não entram na somatória de aplicações erradas porque a formulação do imunizante é a mesma que a de adultos. 

Além disso, crianças e adolescentes receberam doses da AstraZeneca, Janssen e Coronavac, que não estão autorizadas nem mesmo para a faixa etária dos 12 aos 18 anos. 

Na época que foram aplicadas no Brasil, apenas o imunizante da Pfizer estava autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a vacinação na faixa etária de 12 a 17, sendo que a vacina de 5 a 11 anos tem uma formulação especial.

Segundo as informações do documento, as crianças com até 4 anos, nove tomaram vacina das AstraZeneca, seis tomaram Coronavac e uma Janssen no Estado. De 5 a 11 anos, 19 tomaram da AstraZeneca e 14 Coronavac. 

E ainda, 159 tomaram AstraZeneca, 228 foram aplicadas com a Coronavac e 20 da Janssen entre adolescentes de 12 a 17 anos em Mato Grosso. 

A análise da faixa etária de 0 a 4 anos e 5 a 11 considerou o período até dezembro de 2021. Já a análise dos acima de 12 considerou o período até agosto de 2021.