Política

SES: pedido de Bolsonaro sobre uso de máscaras é “temerário”

O secretário de Estado de Saúde, Gilberto Figueiredo, avaliou como temerário o pedido feito pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para que o Ministério da Saúde avalie a possibilidade de que o uso de máscaras no país como proteção contra a Covid-19 deixe de ser obrigatório no país.

O presidente argumenta que com a maior parte da população já vacinada ou já tendo contraído a doença, o uso do das máscaras já não se faz mais necessário. A justificativa vai contra a orientação dos especialistas, que indicam o uso principalmente em ambientes fechados, mesmo com o avanço da vacinação.

“Acho temerária. Enquanto nós estivermos vulneráveis em relação à pandemia, nós não temos ainda a cobertura vacinal [suficiente]. Fizemos uma cobertura vacinal com segunda dose no país em torno de 25%. Pouco mais de 55% da população tomou a primeira dose”, disse Figueiredo.

“Então, aquela tão sonhada imunidade de rebanho nós não atingimos ainda”, argumentou.

Em Mato Grosso, pouco mais de 24% da população já recebeu a 2ª dose da vacina e mais de 1,9 milhão de habitantes já receberam a primeira dose do imunizante ou a dose única.

Mesmo com o Estado registrando curva descendente de novos casos da Covid-19, o secretário não avalia que os números são suficientes para que a população relaxe as medidas de proteção adotadas na pandemia.

“Todos os estudos apontam pela eficácia na utilização da máscara, desde que o uso seja feito de forma correta. Os Estados Unidos recentemente liberaram as pessoas de utilizarem, mas já estão pensando em voltar porque cresceu o número de casos”, exemplificou.

“Eu acho que nós já temos tanta coisa para fazer, esforço grande para gastar energia, e não dá para ir ao contrário daquilo que a ciência diz”, completou.

Figueiredo salientou, ainda, que o uso da máscara não deve ser visto apenas como uma forma de proteção individual, mas como um item necessário para a preservação da saúde do coletivo.

“Sei que é desconfortável, todos preferiam não usar máscaras, mas para preservar a vida, aqueles que têm um pouquinho de amor-próprio ou de amor por quem está ao seu redor, têm certeza que utilizar a máscara é o melhor caminho”, afirmou.

“Então, eu não concordo. Infelizmente, não é uma ação que reverbera bem ou transmite à população uma segurança, muito pelo contrário. Atrapalha todo o enfrentamento que nós temos pela frente ainda”, concluiu.