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Um ano após tragédia da Vale, recuperação do meio ambiente ainda é tarefa a ser cumprida

Foto: G1

Há um ano, o rompimento da barragem da Vale devastou plantações, áreas de vegetação e também cursos d’água, como o Ribeirão Ferro Carvão e o Rio Paraopeba, que teve seu uso suspenso após a tragédia. Passados 12 meses, a recuperação do meio ambiente ainda é tarefa a ser cumprida, assim como as obras para garantir o abastecimento de água na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Desde 25 de janeiro do ano passado, a agricultora Soraia Aparecida Campos, de 42 anos, utiliza somente água mineral para beber ou cozinhar. “Porque a gente não confia em análise nenhuma ainda”, justifica. A cada semana, a moradora do bairro Parque da Cachoeira, uma das comunidades atingidas pelo rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG), recebe 60 litros de água.

Novo sistema de captação de água

A chegada da lama ao rio após o rompimento da barragem trouxe problemas que ultrapassam os limites de Brumadinho. Em janeiro do ano passado, o Paraopeba teve o uso de sua água suspenso.

Cerca de três anos antes do desastre, a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) havia inaugurado um ponto de captação no rio como uma ação para solucionar a crise hídrica que a Grande BH enfrentava naquele momento. Agora, o abastecimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte depende da construção de uma nova estrutura para retirada de água.

As obras são feitas em Ponte das Almorreimas, 12 quilômetros acima da área atingida pelos rejeitos de minério da mina do Córrego do Feijão. Na comunidade da zona rural de Brumadinho, a implantação da nova captação tem trazido transtornos e gerado polêmicas entre os moradores e proprietários de terra. O impasse foi parar na Justiça e as obras, que começaram em outubro, chegaram a ser suspensas.

Segundo a Vale, os valores apresentados em eventuais ações judiciais são lastreados por norma técnica específica. Sobre o terreno da família de Cláudia, a mineradora afirma que “o valor de R$ 231 mil foi depositado em juízo para a área de influência direta do projeto que equivale a 2,7 mil metros quadrados”.

O que diz a Vale

Em relação ao questionamento sobre a situação da água no bairro Parque da Cachoeira, a Vale afirma que não há comprometimento da qualidade ofertada. “A fim de auxiliar a um abastecimento sem intermitência, a Vale está instalando um novo reservatório com capacidade de 75 mil litros. Enquanto, a instalação não for concluída, a empresa distribui garrafas de água mineral para as famílias”, esclarece.

Sobre a qualidade da água de rios, a mineradora disse que são 90 pontos de monitoramento. Até o momento, de acordo com a Vale, já foram realizadas cerca de 4,5 milhões de análises de água, solo e sedimentos em mais de 40 mil amostras para análise de diversos parâmetros, como a presença de metais na água, pH e turbidez.

Já em relação às obras do novo ponto de captação, a Vale informou que 40 famílias são impactadas pelas intervenções que fazem parte do novo sistema.

Acerca dos terrenos, a empresa diz que cada proprietário foi contatado individualmente para apresentação do projeto e abertura das negociações, que, em alguns casos, ainda estão em andamento.