Agronegócios

Milho sustenta crescimento da oferta do biocombustível em MT

Apesar de uma leve redução na produção dos canaviais, e a consequente diminuição do biocombustível, a matriz terá sua oferta ampliada durante a temporada 2020/21 graças ao milho, cereal que vai sustentar a oferta no Estado.

Para se ter uma ideia, enquanto a produção de cana-de-açúcar deve recuar em 3,8% e a do etanol de cana em 2,2%, a produção do biocombustível a partir do milho, deve crescer mais de 61%. O total de etanol para esta safra – cana e milho – deverá somar 3,20 bilhões de litros, 30,8% maior que o volume da safra passada em 2,44 bilhões. Em volume absoluto, Mato Grosso terá, no período, 755 milhões de litros a mais, ante 2019/20.

Os dados fazem parte da segunda estimativa da safra 2020/21 de cana-de-açúcar no Brasil, divulgada ontem pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Na oferta da cana-de-açúcar, a produção deste ciclo deve somar 16,99 milhões de toneladas, -3,8% inferior ao saldo anterior, de 17,65 milhões t. Já o etanol total – hidratado e anidro – a oferta deve atingir 1,15 bilhão de litros ante 1,18 bilhão, queda anual de 2,2%.

Quando se avalia o desempenho do etanol de milho, Mato Grosso segue disparado maior produtor nacional, respondendo sozinho por 76% de todo o etanol originado a partir do cereal no País. Conforme a Conab, o Estado fecha o ciclo com 2,05 bilhões de litros, enquanto no País a produção estimada é de 2,69 bilhões de litros.

De um ciclo ao outro, Mato Grosso está ampliando a oferta do etanol de milho em 61,5%, ao passar de 1,26 bilhão de litros para a estimativa atual de 2,05 bilhões de litros. De um ano ao outro, são mais de 780 milhões de litros adicionados pelo milho. Somente de etanol hidratado, vendido em postos, são 1,33 bilhão de litros.

BRASIL

A produção de cana no País, 642,1 milhões de toneladas, aponta com leve retração de 0,1% em relação à temporada anterior. Com esse volume de cana deve ser produzido o recorde de 39,3 milhões de toneladas de açúcar, situando o Brasil no patamar de maior produtor do mundo por dois anos seguidos, com crescimento de 32% em relação ao que foi alcançado na última safra

Essa produção já tem mercado garantido, de acordo com a equipe da Conab. A exportação brasileira de açúcar aumentou expressivos 69,9% nos quatro primeiros meses dessa safra (abril-julho) em relação ao mesmo período de 2019, segundo dados da Secex, e a expectativa é de que continue em alta.

O impulso vem da oferta mundial limitada por adversidades climáticas em importantes produtores da Ásia e também da taxa de câmbio elevada. Os preços de exportação em dólar, na média de abril a julho, foram 63% maiores e, em real, mais que dobraram, com aumento médio de 127% - dados da Secex.

Além disso, o consumo de etanol no Brasil diminuiu no primeiro semestre devido à menor mobilidade da população diante da pandemia. Com isso, uma parcela da cana que poderia ser destinada ao combustível reforçou a produção de açúcar.

O Sudeste deverá produzir 0,6% menos cana que na safra passada, estima a Conab, limitando-se a 412,4 milhões de toneladas. Para o Centro-Oeste é esperada colheita 0,1% maior, totalizando 140,6 milhões de toneladas. O ligeiro aumento da região seria obtido por Goiás, onde a produtividade deve aumentar.

Também o Nordeste, onde o clima está favorável, deve ter aumento de safra, estimado em 4,1%. A área foi ampliada em 1,6% e a produtividade deve melhorar 2,5%. Com isso, a produção deve alcançar 51,1 milhões de toneladas.

No Sul, representado principalmente pelo Paraná, o balanço também é de estabilidade. Por um lado, a área diminuiu 2%, mas. por outro, a produtividade deve ser 2% melhor, resultado em produção de cana 34,2 milhões de toneladas, ligeira queda de 0,5%.

A região Norte, que contribui com 1% do todo nacional, pode ter redução de 1,9% na oferta de cana, decorrente da menor área (-0,6%) e menor produtividade (-1,3%). O total é estimado em 3,7 milhões de toneladas de cana.

ETANOL

O Brasil deve produzir 30,6 bilhões de litros de etanol, redução de 14,3% com relação à safra 2019/20. O combustível à base de milho tem aumentado, atingindo o recorde de 2,7 bilhões de litros nesta temporada, avanço de 61,1% sobre a anterior. A produção do carro-chefe, o etanol de cana-de-açúcar, porém, deve diminuir 18,1%, limitando-se a 27,9 bilhões de litros.

A oferta de etanol anidro de cana-de-açúcar, aquele utilizado na mistura com a gasolina, deve diminuir 17,3%, voltando para a marca de 8,4 bilhões de litros. O anidro de milho, por sua vez, pode alcançar 792,6 milhões de litros, com acréscimo de 95,5% sobre a safra passada. Para o etanol hidratado de cana-de-açúcar, a Conab espera redução de 18,4% no volume produzido, com o total estimado em 19,5 bilhões de litros. Já o de milho sinaliza aumento de 50,1%, com produção de 1,9 bilhão de litros. 

Fonte: Diário de Cuiabá